Esses pacientes geralmente apresentam um quadro de hemiplegia (paralisia de um lado do corpo) no lado contrário à lesão cerebral.
A paralisia do membro inferior causa dificuldade para caminhar, enquanto a paralisia do membro superior causa dificuldade nas funções de manipulação de objetos.
A cirurgia no membro superior espástico/paralisado pode trazer grandes benefícios tanto do ponto de vista estético quanto funcional ao paciente.
Tipicamente a paralisia causa uma contratura do ombro (impossibilitando a elevação do braço), contratura em flexão do cotovelo, contratura em flexão do punho e dedos e impossibilidade de abrir o polegar. A deformidade é bem marcante e muitas vezes o paciente tenta escondê-la.
A cirurgia visa à correção das contraturas e retorno da movimentação ativa nas várias articulações acometidas.
Utilizamos uma série de técnicas que visam a enfraquecer os músculos espásticos como por exemplo alongamentos musculares e neurectomias seletivas (procedimento em que parte de um nervo é seccionado para fazer com que a função do músculo espástico seja atenuada). Muitas vezes ao enfraquecermos os músculos espásticos, há uma melhora da função antagonista (músculo que exerce movimento contrário). Caso isso não ocorra, podemos fazer a transferência muscular para recuperar o movimento. Por exemplo, nos pacientes que não conseguem esticar o punho, podemos transferir o músculo flexor ulnar do carpo para o dorso do punho, mudando sua função para que ele passe a ser um extensor do punho, corrigindo assim a deformidade.
Um outro procedimento que pode ser utilizado são as fusões ósseas. Nesse procedimento uma articulação é fixada numa posição mais funcional, possibilitando um melhor uso da extremidade nas tarefas do dia-a-dia. Podemos usar essa técnica ao nível do punho e do polegar.
Mesmo os pacientes mais graves podem se beneficiar com a cirurgia. Temos paciente com grande contratura e espasticidade nos flexores dos punhos e dedos. Isso causa ferimentos na mão pela dificuldade dos cuidadores de cortarem as unhas e higienizarem a mão do paciente. A cirurgia, ao liberar as contraturas, facilita os cuidados ao paciente.
Vale lembrar a importância de uma equipe multidisciplinar nesses casos, consistindo de terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e neurologista, além do cirurgião de mão.
A seguir apresentaremos uma série de casos clínicos em que as deformidades foram corrigidas cirurgicamente para grande benefício dos pacientes.
Apesar de complexas, elas trazem de maneira previsível uma grande melhora funcional e maior independência para esses pacientes.